martes, 27 de noviembre de 2012

Rogerio Cerqueira Leite

Recentemente apareceu na pagina do CNPEM:

Rogério Cezar Cerqueira Leite recebeu o Building Scientific Institutions Prize 2012, conferido pelo Escritório Regional para a América Latina e Caribe da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS, da sigla em inglês) a pesquisadores com participação ativa na constituição de instituições de pesquisa. O Prêmio foi entregue ontem, dia 7 de novembro, na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro, por seu presidente, Jacob Palis. Cerqueira Leite é Presidente Honorário do CNPEM, Pesquisador Emérito do CNPq, Membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo e Cidadão Honorário de Campinas.




Alem desse premio, comentado na pagina do CNPEM, Rogerio tem outros interesses e foi citado no passado dia da Consciência Negra (20 de novembro) pela Exposição “Gênese e Celebração: Coleção de peças africanas do acervo de Rogério Cerqueira Leite”, que estara em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo do dia 10 de novembro até o dia 28 de janeiro de 2013, e traz cerca de 200 peças, entre as quais merecem menção esculturas, máscaras, objetos de materiais e tamanhos variados de povos como os dan, baolé, anang, yoruba, bulu, moba, pende, bantu, pumu, fang, dogon e sakuma, entre outros. Uma oportunidade única para que o público possa conhecer um pouco mais sobre a diversidade cultural desses diferentes grupos étnicos. Pinacoteca do Estado. Praça da luz, 2, Centro, São Paulo, de terça a domingo, das 10h às 18h.

Tem tambem um blog que como este compartilha o fato que ninguem o le. 

E muito além, eu particularmente o citaria pelas duas leituras que deixo a continuação, publicadas em 1976 numa epoca dificil para expressar opinioes livremente, como quase todas as epocas:



 Tecnologia e Multinacionais


As empresas multinacionais são um fenômeno relativamente recente no cenário sócio-econômico internacional. Isto justifica em parte a compreensão restrita que existe de seus efeitos, tanto nos países de origem, como naqueles em que se encontram as filiais. notável que a primeira investigação de porte sobre tais efeitos, em países em desenvolvimento, tenha sido feita por iniciativa do Congresso dos Estados Unidos da America. No Brasil, onde cerca de cinquenta por cento da produção industrial do setor privado esta nas mãos das multinacionais, a unica analise de alguma relevância, embora de proporções modestas, baseou-se, quase que inteiramente, em dados do anuário "Quem e Quem", da "Visão".
A atitude passiva do Governo nacional, a respeito da atuação das multinacionais, se baseia numa estranha filosofia: o sucesso financeiro das multinacionais, no Brasil, depende diretamente da dinâmica da economia interna do Pais, conseqüentemente, os interesses imediatos destas empresas se confundem com os interesses nacionais. Com isto, as multinacionais agiriam naturalmente de acordo com os interesses desenvolvimentistas do Pais.
Este tipo de argumento nos lembra uma fabula de autoria incerta. A floresta estava em fogo. Os animais se viam obrigados a atravessar o rio para escapar ao incêndio. O escorpião, incapaz de nadar, se dirige a rã que se preparava para atravessar o rio, e pede-lhe para ir nas suas costas. "Mas você vai me picar", diz a rã. "Se o fizer morreremos os dois, pois não sei nadar", responde o escorpião. "Realmente", retruca a rã, "suba rápido então". Ja no meio do rio sente a rã a dor de uma picada e se volta para o escorpião: "Mas como? Assim você também morrera". Responde o escorpião: "Eu sei, mas não posso fugir a minha natureza".
O esforço governamental na atração das multinacionais para o Brasil foi, na década passada (refere-se aqui a década de 1960 apos o golpe de estado que derrocou o governo do presidente João Belchior Marques Goulart, em 1964), justificado por três fatores: primeiramente pelo aporte de capital e divisas; em segundo lugar pela competência gerencial, supostamente escassa no Pais; e, em terceiro lugar, pela transferência de tecnologia. A única preocupação inicial foi com as limitações na remessa de lucros.
O controle da remessa de lucros sempre foi muito ineficiente, pois as multinacionais mostraram uma notável imaginação em criar mecanismos para remessas adicionais. Os pagamentos as matrizes, na forma de "royalties", assistência técnica, contratos de transferência de tecnologia etc., e, freqüentemente, a existência de pagos administrados intra companhia, vem permitindo, na pratica, uma remessa adicional incontrolável.
Embora neste artigo, nos dediquemos especialmente a importância das multinacionais, quanto a transferência de tecnologia, não resistimos a tentação de, mesmo que brevemente, considerar as outras duas esperadas contribuições ao desenvolvimento nacional.
Inicialmente, devemos entender em que consistiu este aporte de capitais e divisas nos anos 60. Dos capitais iniciais das companhias estrangeiras instaladas no Brasil, menos de 15%, em media, foi proveniente das matrizes. O restante foi levantado no Brasil, e, quando no exterior, através de empréstimos a serem pagos pela sucursal brasileira, em períodos relativamente curtos, e com juros que certamente ultrapassaram de muito aqueles 15% de inversão de capital da matriz. Conclui-se dai que a implantação de industrias multinacionais no Brasil não resultou em aquisição de divisas para o Pais. As multinacionais mostraram apenas na maior capacidade de agregação de capital, pelo seu maior credito junto ao sistema financeiro, credito este que talvez fosse apenas uma conseqüência do desmesurado apoio do Governo que tiveram então. Podemo-nos perguntar: se tal apoio tivesse sido dado ao empresariado nacional, naquela época, resultados semelhantes não teriam sido alcançados pela propria industria nacional?
Quanto a competência gerencial ou organizacional, basta-nos lembrar que muitas das empresas multinacionais estariam hoje fechadas, se não fosse o apoio decisivo que vem tendo dos governos de seus países de origem, apoio este que jamais tiveram, no Brasil, as empresas nacionais. Lembremo-nos de que os mesmos executivos são disputados, no mercado de trabalho nacional, pelas nacionais e multinacionais. É muito provável que o relativo sucesso das empresas multinacionais, em comparação com as nacionais, se deva antes a sua capacidade de captação de recursos e importação de tecnologia, que a competência gerencial e organizacional.
Quanto a transferência de tecnologia, estamos convencidos de que as multinacionais são antes um empecilho que um auxilio. Por razoes de ordem econômica e administrativa, as empresas preferem agrupar suas atividades de pesquisa, desenvolvimento e ate projeto, junto aos seus centros de decisão que, sem exceção, residem nos países de origem. Com isto, as filiais, no Brasil e outros países em desenvolvimento, ficam naturalmente dependentes das matrizes quanto a qualquer inovação. Como tecnologia e a capacidade de geração de inovação, e não a inovação em si, as multinacionais podem aprimorar sua produção no Brasil, embora a geração e o controle de tecnologia permaneçam com a matriz. Esta condição em si não e tão prejudicial; a pior conseqüência e que, dispondo de tecnologia no exterior, a multinacional força as empresas nacionais a atitudes expediticias quanto a inovação. Para poder competir com os recursos tecnológicos de que dispõem as multinacionais junto as matrizes, as empresas nacionais se vem forçadas a adquirir continuamente, no exterior, tecnologia e assistência técnica. Com isto não conseguem as empresas nacionais, sem prejudicar sua rentabilidade, alocar recursos para desenvolver tecnologia própria. Esta situação ja se tornou de tal maneira institucionalizada que o empresariado nacional começa a descrer da possibilidade de desenvolvimento de tecnologia autoctona.
Para romper-se este ciclo, não bastaria adotar-se medidas protecionistas, quanto a tecnologia nacional, impedindo-se indiscriminadamente a aquisição de tecnologia no exterior. Isto reduziria a capacidade de competição da industria nacional com as multinacionais. Tecnologia e mercadoria e como tal pode ser avaliada e devidamente tributada quanto a importação. Isto colocaria multinacionais e nacionais em condições competitivas, alem de estimular a produção nacional de inovação.

Tecnologia e Humanismo

A terrível violência da cena final do Hamlet não poderia ter sido imaginada por Shakespeare, não fora ele educado, psiquicamente estruturado, pela tecnologia prevalente da época. "Certo", diriam os Skinerianos. "Talvez", diriam os psicólogos de inclinações existenciais e humanistas, mas poucos seriam os intelectuais que não exclamariam: "Ridícula, grotesca afirmativa. Se e verdade, então a que ponto não estaria o homem de hoje deformado pela tecnologia, sua própria criação?".
E da etologia, esta mais jovem das ciências, que partiremos para demonstrar essa nossa afirmação inicial. Nascida principalmente dos trabalhos de Konrad Lorenz e Niko Timbergen, esta escola possui, como método principal, a observação dos animais em seu habitat natural e, como conceitos fundamentais, uma engenhosa extensão do principio Darwiano de evolução e um mecanismo de ritualização para o controle da agressão.
Para Lorenz, o comportamento animal e grandemente determinado por codificação filogenética, cujo estabelecimento sofreu a mesma seleção do mais capaz que Darwin definiu para as características físicas das especies. Assim, um dado comportamento surge por acidente genético e somente e retido se tiver um valor de sobrevivência para a especie. Se esta nova subespécie, que surge por fora do novo comportamento, se mostrar melhor capacitada que suas competidoras imediatas, ela as deslocara, sendo a unica a sobreviver. Assim evoluiria positivamente o comportamento animal. Para Lorenz, numa certa medida, este mecanismo seria extensivo ao homem.
O instinto de agressão intra e inter-especies tem indiscutível valor de sobrevivência. Certos carnívoros de vida eminentemente solitária, como a marta e certos felinos, tem o instinto de agressão inibido durante o período de acasalamento, por intermédio de processos hormonais. Outras especies, cuja solução para o problema de sobrevivência se baseou em instintos gregários, sobrepostos a necessária agressividade, desenvolveram mecanismos inibitórios de caráter filogenético. Muitos destes mecanismos tomam a forma de rituais necessários para a neutralização da agressão intra-especie.
O lobo (canis lupus), ao enfrentar um rival, desenvolve um inacreditável nível de agressividade. Se, entretanto, durante a luta, a predominância de um dos contendores se define, o vencido assume prontamente uma postura especifica, oferecendo a própria jugular. Bastaria uma mordida para aniquilar o rival. O vitorioso esta ainda possuído de paroxísmica fúria, mas aquela postura do vencido desencadeia poderosos mecanismos de inibição. O vencedor atacara tudo o que passe por perto, estrangalhara tocos de madeira e quebrara seus dentes em pedras que porventura encontre. Mordera furiosamente o ar, mas não tocara o desprotegido contendor. E a "moralidade" dos lobos.
Estes mecanismos de inibição instintiva, essenciais para a sobrevivência de especies possuidoras de poderosas armas de ataque, não existem na mesma proporção nas especies menos aparelhadas para o combate. Assim conta Lorenz que, havendo colocado duas pombas (streptopetia turtur) em uma gaiola, para acasalamento, verificou surpreso, no dia seguinte, que uma delas havia selvagemente trucidado a outra.
Não havendo mecanismos inibitórios, e o confinamento não permitindo a fuga, aquele paradigma da paz muito naturalmente aniquilou seu parceiro mais fraco. Sua "moralidade" não estava preparada para aquela mudança de condições, impostas pelo confinamento. Para Lorenz, o homem pertenceria a esta segunda categoria. Sua incompetência para o combate não exigiu o desenvolvimento de uma "moral" de ordem filogenética que inibisse sua agressão ou desenvolvesse rituais inatos que a desviassem. Assim, ao se apossar dos poderosos meios que a tecnologia lhe oferece, o homem passou a ser a especie assassina por excelência, aquela que mais frequentemente mata seus semelhantes. Tal concepção tem, evidentemente, seus opositores. Dentre eles, destacam-se os seguidores de Boas e o grupo de Columbia, a escola antropológica dominante nestas ultimas quatro ou cinco décadas. Toda a estrutura teórica da antropologia cultural se baseara na premissa de que o comportamento humano seria inteiramente oriundo aprendizado e do meio ambiente. Seus mais veementes porta-vozes, Ashley Montagu e Margaret Mead, continuam afirmando, ate hoje, que os instintos no homem se reduziram a vestígios tão insignificantes, que sua participação no comportamento humano seria negligenciável. Estranhamente, pensadores de conceituação resolutamente otimista, como os marxistas, se abstiveram de participação na polemica, da mesma maneira que os pensadores cristãos, estes últimos momentaneamente mais preocupados em reconciliar Deus com os homens, do que os homens com Deus.
Da batalha intelectual que se desencadeou, apos a publicação do provocante livro de Lorenz — "On agression", restou-nos o consenso de que, mesmo admitindo-se que Lorenz inferira permissivamente mecanismos de comportamentos humanos, a partir da observação de animais, era indiscutível a existência naqueles de um componente instintivo apreciável. Componente esse sobre o qual atuariam a educação e o ambiente.
Assim, quando o homem inventou o machado, a lança e a espada, ele ainda não possuía uma moralidade apropriada ao seu novo poderio. Pouco importa se a motivação inicial foi a caça ou a autodefesa ou a guerra. Aquele animal, inicialmente incompetente no combate, adquirira meios para matar. Se antes fora um pacifico comedor de frutos e insetos como seus primos de hoje, o gorila, e o chipanzé, transformou-se então em guerreiro e caçador. Aquele primeiro passo tecnológico transformara todo seu comportamento, sua cultura, sua estrutura social. O búfalo, que era antes um exótico animal a ser evitado, passou a ser caça cobiçada e, consequentemente, parte integrante da cultura humana. O homem se metamorfoseara pela tecnologia por ele mesmo criada que agora era parte integrante do próprio homem. Assim, se a cena final do Hamlet tivesse sido escrita antes da invenção da espada, teria-se restringido a alguns rangeres de dentes e talvez algumas mordidas. Não apenas porque e mais difícil matar sem os objetos apropriados, mas principalmente porque a ideia do assassinato nasceu com a invenção da arma. E o próprio Shakespeare das tragedias seria impossível, pois não poderia concebe-las sem a cultura da violência, fruto da eficiente tecnologia do homicídio existente na época. Alguns pensadores sugerem que a tecnologia e desenvolvida para o bem e aplicada para o mal. Outros dizem exatamente o contrario. Existe ainda um terceiro grupo que diz que a tecnologia e neutra. A ciência sofre, as vezes, o mesmo escrutínio estéril.
O importante e que nos conscientizemos de que somos também  o produto daquilo que criamos. Que a tecnologia, talvez mais que a arte ou a ciência  não e apenas um componente passivo de nossa cultura, sobre o qual temos controle, mas e, principalmente, um condicionador temível de nosso próprio comportamento.
A semelhança do mecanismo Darwiniano, na evolução das especies, e do mecanismo Lorenziano, na evolução do comportamento dos animais, e possível fazer-se um modelo para a evolução da tecnologia. Este modelo que propomos e evidentemente criticável, mas nos parece que, como ponto inicial de discussão, e aceitável.
O processo se inicia, acidentalmente, por uma descoberta individual. Acidentalmente porque a descoberta inicial não é produto de um consenso comunitário, mas surge da iniciativa de um certo individuo, cuja atividade não representa as aspirações "oficiais" do seu ambiente. Posteriormente, a "autoridade", estatal ou acadêmica, apoia o desenvolvimento da descoberta e, aos poucos, ela é incorporada a comunidade ou a uma parcela desta. Se ela tem um "valor de sobrevivência", essa nova tecnologia prevalece, e toda a humanidade dela se beneficia. As facções que não a adotam tomam-se incapazes de competir e perecem. Evidentemente, este perecimento pode ser apenas uma perda cultural ou material e pode não representar a extinção de um grupo humano. Este modelo tem a vantagem de ser extremamente benevolente, pois implica numa evolução positiva. O progresso se fara sempre na direção da segurança e da sobrevivência do homem. Ha, entretanto, um problema. Como a pomba de Lorenz, não terá sempre o homem, tempo para desenvolver uma "moralidade" apropriada para cada novo avanço tecnológico  pois mecanismos de controle e reorientação de comportamento terão que ser desenvolvidos "a posteriori",  após estabelecido o comportamento advindo da "mutação" tecnológica em questão.
Nesta época de vertiginoso progresso tecnológico  torna-se imperativo o desenvolvimento intencional de mecanismos de correção. Não somente pelos perigos de autodestruição por meio de guerras, mas principalmente pelo perigo de evolução cultural em direções indesejáveis. Quais as influencias que os meios de computação, ou o aceleramento das informações, ou este aterrador controle que possuímos sobre a natureza terão sobre o homem? Não sabemos.
Nosso conforto reside em dois pontos. O homem possuí um substrato positivo de comportamento de natureza instintiva que, embora submerso por uma carga cultural esmagadora, e imutável. O homem possui ainda o potencial de desenvolver conscientemente, e incorporar culturalmente, processos corretivos que neutralizem excessos inerentes a novos comportamentos comandados por inovação tecnológicas.
Para evitar-se os perigos de uma rápida evolução tecnológica, sem um concomitante desenvolvimento de uma "moralidade", resta-nos, como unica escolha, a inclusão desta moralidade na própria tecnologia. Com o controle do processo de evolução tecnológica sendo feito pela Sociedade, e não mais determinado unicamente pelo mercado, seria possível uma evolução paulatina, controlada, de meios tecnológicos com o correspondente aparato moral.
Esta aparente Utopia talvez não esteja tão distante. O escasseamento da matéria-prima forçara, de imediato, o homem a buscar soluções tecnológicas ditadas pela sobriedade. Nestas condições, a interferência governamental na busca de novas tecnologias vira naturalmente. Os metais serão tão escassos dentro de 100 anos que uma verdadeira revolução tecnológica sera necessária. E sempre mais fácil reformar e moralizar durante as revoluções. Vejamos o que ja vem acontecendo com a energia. A busca de novas fontes já sofre notável influencia de preocupações ecológicas. Nesta área, decisões governamentais não somente estão começando a deslocar as influencias diretas do mercado, como também já incluem, como parâmetro de decisão, o potencial poluente das novas tecnologias. E um primeiro passo, modesto, mas alentador. A escassez certamente propiciou essa mudança de atitude.
Na Europa, em muitas áreas os governos vem, crescente e decisivamente, influindo na escolha de inovações tecnológicas. As motivações ainda são predominantemente condicionadas pelas preocupações com a eficiência de produção e com a competição internacional. Com isto, entretanto, os instrumentos e a tradição de participação governamental no processo decisório se estabelece. E possivel, agora, introduzir-se, gradativamente, elementos de decisão que tomem em consideração, diretamente, a melhoria da qualidade de vida. E possível mesmo que o controle dos processos de inovação tecnológica se tome um instrumento decisivo para humanização do homem.




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Os artigos postados formam parte do livro Tecnologia e Desenvolvimento Nacional que contem outros artigos que foram publicados em forma na Folha de São Paulo, nas seguintes datas: 28 de setembro, 25 de outubro, 18 de novembro de 1975; 1.° de Janeiro, 7, 15 e 16 de abril, 8 e 22 de junho de 1976. Na Gazeta Mercantil, 12 de dezembro de 1975.

martes, 20 de noviembre de 2012

O perigo da história única

Ayer Marilin me sorprendio con un video que habia encontrado en you tube que hablaba sobre El peligro de tener una unica historia. Verlo fue coincidir completamente con el planteo y las palabras que expresaba Chimanda Adichie.



Lo vimos dos veces, creo que vale la pena verlo muchas veces mas. Despues pense en cosas relacionadas que lei, como las Venas Abiertas de America Latina y la novela Rayuela de Julio Cortazar. Creo que Galeano en las Venas expresa muy claramente el peligro de tener una unica vision del "descubrimiento" de America. Desde otro lugar quizas mas literario pienso que Cortazar quizo hacer lo mismo que expresa Chimanda en la charla. Para evitar soportar la novela como la sentencio el autor el hizo una novela en la que el lector puede elegir su camino, inventando y recreando la historia. Por ultimo me hizo pensar en mi actividad ultimamente frecuente de leer los diarios de izquierda y de derecha de varios paises para tratar de recrear lo que ocurre en el mundo, ya no se puede por estos dias confiar en un unico diario. Es curioso ver como las noticias van teñidas de prejuicios de los diferentes lugares. Brindo por esta llamada de conciencia que hace Chimanda Adichie, desde un punto de vista muy personal creo que abre las puertas a pensar la vida y las historias desde otro lugar. Espero les guste:


viernes, 16 de noviembre de 2012

MÁS ALLÁ DE LAS CADENAS DE LA ILUSIÓN

de Erich Fromm




CREDO

Creo que el hombre es el producto de la evolución natural, que es parte de la naturaleza y dotado como está de razón y conciencia de sí mismo, sin embargo la trasciende.

Creo que la esencia del hombre es comprobable (averiguable). Sin embargo, esta esencia no es una sustancia que caracteriza al hombre en todo momento a través de la historia. La esencia del hombre consiste en la contradicción antes mencionada inherente a su existencia, y esta contradicción le obliga a reaccionar a fin de encontrar una solución. El hombre no puede permanecer neutral y pasivo ante esta dicotomía existencial. Por el hecho mismo de su ser humano, la vida le plantea un interrogante: cómo superar la división entre él y el mundo fuera de él para llegar a la experiencia de la unidad con sus semejantes y con la naturaleza?. El hombre tiene que responder a esta pregunta en cada momento de su vida. No sólo - ni siquiera principalmente - con pensamientos y palabras, sino por su modo de ser y de actuar.

Creo que hay una serie de respuestas limitadas y comprobables (averiguables) a esta pregunta de la existencia (la historia de la religión y la filosofía es un catálogo de estas respuestas); sin embargo, hay básicamente dos tipos de respuestas. En uno, el hombre trata de encontrar de nuevo la armonía con la naturaleza por la regresión a una granja de existencia prehumana, eliminando sus cualidades específicamente humanas de la razón y el amor. En el otro, su objetivo es el pleno desarrollo de sus facultades humanas hasta que llega a una nueva armonía con sus semejantes y con la naturaleza.

Creo que la primera respuesta está ligada al fracaso. Esto lleva a la muerte, destrucción, sufrimiento y nunca al pleno desarrollo del hombre, nunca a la armonía y la fuerza. La segunda respuesta requiere de la eliminación de la codicia y el egoísmo, exige disciplina, voluntad y respeto, por lo que puede mostrar el camino. Sin embargo, a pesar de que esta respuesta es la más difícil, es la única respuesta que no está condenada al fracaso. De hecho, incluso antes de que el objetivo final se alcance, la actividad y el esfuerzo dedicado a acercarse tiene un efecto unificador e integrador que intensifica las energías vitales del hombre. 

Creo que la alternativa fundamental del hombre es la elección entre la vida y la muerte. Cada acto implica esta elección. El hombre es libre de hacerlo, pero esta libertad es limitada. Hay muchas condiciones favorables y desfavorables que lo inclinan - su constitución psicológica, el estado de la sociedad concreta en la que nació, su familia, los maestros, y los amigos que conoce y quiere. Es tarea del hombre ampliar el margen de libertad, para fortalecer las condiciones que son propicias para la vida en comparación con aquellos que conducen a la muerte. La vida y la muerte, de la que se habla aquí, no son los estados biológicos, sino los estados del ser, de relacionarse con el mundo. La vida significa cambio constante, luz constante. La muerte significa el cese del crecimiento, osificación, repetición. El triste destino de muchos es que no se tome la decisión. No están ni vivos ni muertos. La vida se convierte en una carga, una empresa sin rumbo, y el ajetreo es el medio para proteger de la tortura de estar en el país de las sombras.

Creo que ni la vida ni la historia tiene un sentido último que a su vez da sentido a la vida del individuo o justifica su sufrimiento. Teniendo en cuenta las contradicciones y debilidades que aquejan a la existencia del hombre, ha sido natural que busque un "absoluto" que le de la ilusión de certeza y lo alivie del conflicto, la duda y la responsabilidad. Sin embargo, ningún Dios, con prendas teológicas, filosóficas o históricas salva o condena al hombre. Sólo el hombre puede encontrar una meta para la vida y los medios para la realización de este objetivo. Él no puede encontrar una respuesta definitiva o absoluta pero puede aspirar a un grado de intensidad, profundidad y claridad de la experiencia que le dé la fuerza para vivir sin ilusiones, y ser libres.

Creo que nadie puede "salvar" a su prójimo tomando la decisión por él. Todo lo que un hombre puede hacer por otro es mostrarle las alternativas de forma veraz y con amor, pero sin sentimentalismos ni ilusión. La confrontación con las verdaderas alternativas puede despertar todas las energías ocultas en una persona, y le permitirá elegir la vida frente a la muerte. Si él no puede escoger la vida, nadie más podrá darle vida.

Creo que hay dos formas de llegar a la elección del bien. La primera es la del deber y la obediencia a los mandamientos morales. De esta manera puede ser eficaz, pero hay que considerar que en miles de años, sólo una minoría ha cumplido los requisitos de los Diez Mandamientos. Muchos más han cometido delitos cuando se les presenta como órdenes de las autoridades. La otra forma es desarrollar un gusto y un sentido de bienestar en hacer lo que es bueno o correcto. Con el gusto por el bienestar, no me refiero a placer en el sentido freudiano o Benthamian. Me refiero a la sensación de vitalidad mayor en la que confirmo mis facultades y mi identidad.

Creo que la educación significa familiarizar a los jóvenes con la mejor herencia de la raza humana.Sin embargo, mientras que gran parte de este patrimonio se expresa en palabras, es eficaz sólo si éstas se hacen realidad en la persona del profesor y en la práctica y la estructura de la sociedad. Sólo la idea que se ha materializado en la carne puede influir en el hombre, la idea que permanece en
palabras solo cambia las palabras.

Creo en la perfectibilidad del hombre. Esto significa que la perfectibilidad del hombre puede alcanzar su objetivo, pero eso no quiere decir que debe alcanzarlo. Si el individuo no elegir la vida y no crece, necesariamente, llegará a ser destructivo, un cadáver viviente. La maldad y la pérdida de uno mismo son tan reales como lo son la bondad y la vitalidad. Ellas son las potencialidades secundarias del hombre si él decide no realizar sus potencialidades primarias.

Creo que sólo excepcionalmente es un hombre que nació como un santo o como un criminal. La mayoría de nosotros tienen disposiciones para el bien y para el mal, aunque la importancia relativa de estas disposiciones varía con los individuos. Por lo tanto, nuestro destino está determinado en gran medida por las influencias que moldean y forman las disposiciones dadas. La familia es la influencia más importante. Pero la propia familia es principalmente un agente de la sociedad, la correa de transmisión de los valores y normas que una sociedad desea imprimir en sus miembros. Por lo tanto, el factor más importante para el desarrollo de la persona es la estructura y los valores de la sociedad en la que ha nacido.

Creo que la sociedad tiene tanto un impulso como una función inhibidora. Sólo en cooperación con otros, y en el proceso de trabajo, es como el hombre desarrolla sus poderes, sólo en el proceso histórico que él mismo crea. Pero al mismo tiempo, la mayoría de las sociedades hasta ahora han servido a los objetivos de unos pocos que hubieran querido utilizar la mayoría. Por lo tanto tuvieron que utilizar su poder para embrutecer e intimidar a las mayorías (y por tanto, indirectamente, a ellos mismos), para prevenir el desarrollo de todas sus facultades, por esta razón la sociedad siempre en conflicto con la humanidad, con las normas universales válidas para todo hombre. Sólo cuando los objetivos de la sociedad se hayan hecho idénticos a los objetivos de la humanidad, la sociedad dejará de mutilar al hombre, alejándolo del mal.

Creo que cada hombre representa a la humanidad. Somos diferentes en cuanto a inteligencia, salud, talentos. Sin embargo, todos somos uno. Todos somos santos y pecadores, adultos y niños, y nadie es superior o juez.
A todos nos han despertado con el Buda, todos hemos sido crucificado con Cristo, y todos hemos matado y robado con Genghis Khan, Stalin y Hitler.

Creo que el hombre puede visualizar la experiencia del hombre universal entero sólo realizando su individualidad y nunca tratando de reducirse a un denominador abstracto común. La tarea del hombre en la vida es precisamente la paradoja de realizar su individualidad y al mismo tiempo trascender y llegar a la experiencia de la universalidad.
Sólo el individuo plenamente desarrollado puede abandonar su ego.

Creo que el mundo nuevo puede surgir sólo si nace un hombre nuevo - un hombre que ha emergido de las relaciones arcaicas de sangre y suelo, y que se siente a sí mismo como el hijo del hombre, un ciudadano del mundo cuya lealtad es hacia la humanidad y para la vida, más que a una parte exclusiva de ella, un hombre que ama a su país porque él ama a la humanidad, y cuyo juicio no es deformado por lealtades tribales.

Creo que el crecimiento del hombre es un proceso de continuo nacimiento, de continuo despertar. Estamos por lo general medio dormidos y sólo lo suficientemente despiertos para ir sobre nuestros negocios, pero no somos lo suficientemente despiertos para ir sobre la vida, que es la única tarea importante para un ser vivo. Los grandes líderes de la humanidad son los que han despertado al hombre de su medio sueño. Los grandes enemigos de la humanidad son los que lo adormecen, y no importa si su poción para dormir es la adoración de Dios o la del becerro de oro.

Creo que el desarrollo del hombre en los últimos cuatro mil años de historia es realmente imponente. Ha desarrollado su razón hasta un punto donde está la solución de los enigmas de la naturaleza, y se ha emancipado del poder ciego de las fuerzas naturales. Pero en el mismo momento de su mayor triunfo, cuando está en el umbral de un nuevo mundo, ha sucumbido al poder de las mismas cosas y de las organizaciones que ha creado. Ha inventado un nuevo método de producción, y ha hecho de su producción y distribución su nuevo ídolo. Él adora el trabajo de sus manos y se ha reducido a ser el sirviente de las cosas. Él usa el nombre de Dios, de la libertad, de la humanidad, del socialismo, en vano, se enorgullece de sus poderes - las bombas y las máquinas - para ocultar su bancarrota humana, se jacta de su poder para destruir ocultando su impotencia humana.

Creo que la única fuerza que puede salvarnos de la autodestrucción es la razón, la capacidad de reconocer la irrealidad de la mayoría de las ideas que el hombre posee, y para penetrar en la realidad velada por las capas y capas de engaño y de las ideologías. La razón, no como un conjunto de conocimientos, sino como un tipo de energía, una fuerza que es totalmente comprensible sólo en
su organismo y los efectos. Una fuerza cuya función más importante consiste en su poder de atar y disolver *.  
La violencia y las armas no nos salvarán; la cordura y la razón si.

Creo que la razón no puede ser eficaz a menos que el hombre tenga esperanza y fe. Goethe tenía razón cuando dijo que la más profunda distinción entre los diversos períodos históricos es entre la creencia y la incredulidad, y cuando añadió que todas las épocas en las que predomina la creencia es genial, estimulante y fructífera, mientras que aquellas en las que predomina la incredulidad desaparecen porque a nadie le importa dedicarse a lo infructuoso. Sin duda, el siglo XIII, el Renacimiento, la Ilustración, eran las edades de la fe y la esperanza. Me temo que el mundo occidental en el siglo XX se engaña sobre el hecho de que ha perdido la esperanza y la fe. En verdad, donde no exista fe en el hombre, la creencia en las máquinas no nos salvará de la desaparición; por el contrario, esta "creencia" sólo acelerará el fin. El mundo occidental será capaz de crear un "renacimiento" de humanismo en el que la mayor evolución de la humanidad del hombre, y no la producción y el trabajo, sean los temas centrales, o occidente perecerá como muchas otras grandes civilizaciones.

Creo que reconocer la verdad no es principalmente una cuestión de inteligencia, sino una cuestión de carácter. El elemento más importante es el valor de decir no, desobedecer las órdenes del poder y de la opinión pública, para dejar de estar adormecido y llegar a ser humano, para despertar y perder la sensación de impotencia e inutilidad. Eva y Prometeo son las dos grandes rebeldes cuyos "crímenes (desobediencia)" liberaron la humanidad. Pero la capacidad para decir "No" significativamente, implica la capacidad para decir "Sí" significativamente. El "Sí" a Dios es el "No" al Cesar; el "Sí" al hombre es el "No" a todos aquellos que quieren esclavizarlo, explotarlo, y embrutecerlo.

Creo en la libertad, en el derecho del hombre de ser él, afirmarse y luchar contra todos aquellos que tratan de impedirle ser él. Pero la libertad es más que la ausencia de la opresión violenta. Es más que "la libertad de". Es "libertad para" hacerse independiente; libertad de ser mucho, más bien que tener mucho, o usar las cosas y las personas.

Creo que ni el capitalismo occidental, ni el capitalismo de estado Soviético, ni el comunismo totalitario chino pueden resolver el problema del futuro. Todos crean burocracias que transforman al hombre en una cosa. El hombre debe llevar a las fuerzas de la naturaleza y de la sociedad bajo su control consciente y racional, pero no bajo el control de una burocracia que administra cosas y hombres. En cambio debe tener bajo control los productores libres y asociados que administran las cosas, y subordinarlos al hombre que es la medida de todas las cosas. La alternativa no es entre "capitalismo" y "comunismo", sino entre el burocratismo y el humanismo. El socialismo democrático descentralizado es la realización de aquellas condiciones que son necesarias para el despliegue de los poderes de todos los hombres como el objetivo último.

Creo que uno de los errores más desastrosos en la vida individual y social consiste en ser atrapado en alternativas estereotipadas de pensamiento. "Mejor muerto que rojo", "una civilización industrial alienada o sociedad preindustrial individualista", "rearmarse o ser indefenso", son ejemplos de tales alternativas. Hay siempre otras y nuevas posibilidades que se manifiestan sólo cuando uno se ha liberado de la garra sepulcral de clichés, y cuando uno permite que las voces de la humanidad y la razón sean oídas. El principio "del mal menor" es el principio de la desesperación. La mayoría de las veces sólo se alarga el período hasta el mal mayor gana. Arriesgarse a hacer lo que es justo y humano, y tener fe en el poder de la voz de la humanidad y la verdad, es más realista que el así llamado realismo del oportunismo.

Creo que el hombre debe librarse de las ilusiones que lo esclavizan y paralizan, que debiera tomar conciencia de la realidad dentro y fuera de él, con el fin de crear un mundo que no necesite de ninguna ilusión. La libertad y la independencia sólo se puede lograr cuando las cadenas de la ilusión (prejuicios) se rompen.

Creo que hoy en día sólo hay una preocupación principal: la cuestión de la guerra y la paz. El hombre probablemente destruirá toda la vida en la tierra, o destruirá toda la vida civilizada y los valores entre aquellos que permanezcan, y construirá una organización barbárica y totalitaria que gobernará lo que quede de la humanidad. Despertar a este peligro, mirar las ambigüedades en todos
los lados que son usadas para impedir a los hombres ver el abismo hacia el cual ellos se mueven es una obligación, una orden moral e intelectual que el hombre debe respetar hoy. Si el hombre no lo hace, seremos condenados. Si falleciéramos todos en el holocausto nuclear, no sería porque el hombre no fuera capaz de hacerse humano, o porque él fuera intrínsecamente malo; sería porque el consenso de estupidez le ha impedido ver la realidad y actuar sobre la verdad.

Creo en la perfectibilidad del hombre, pero dudo de si él conseguirá este objetivo, a menos que él despierte pronto.

«Centinela, ¿cuánto queda de la noche?
  Centinela, ¿cuánto falta para que amanezca?»

El centinela responde:

«Ya viene la mañana, pero también la noche. 
Si quieren preguntar, pregunten;
si quieren volver, vuelvan.»

(Isaías 21)


* Ernst Cassirer, La filosofía de la Ilustración (Boston: Beacon Press, 195S), p. 13


Contribucion enviada por Eduardo Lede, grifos mios.

jueves, 15 de noviembre de 2012

De La Servidumbre Moderna

Después de mucho tiempo, en la soledad en que Santiago ha mantenido este blog, vuelvo a publicar una entrada para obedecer el pedido de un colega quien me escribió "Quiero ver ese video (De La Servidumbre Moderna) colgado en Mare Vero, ok?, es una orden!."
Pueden ver el video-documental haciendo "click" en el siguiente link.

Prometo, ante todo a Santiago, volver más seguido con contribuciones.
A seguir navegando...